RECOMENDADO PELA FUNDAÇÃO NACIONAL DO LIVRO INFANTIL E JUVENIL (FNLIJ) E PRESENTE NA FEIRA INTERNACIONAL DO LIVRO EM BOLOGNA, ITÁLIA. ESCOLHIDO PELO PNBE PARA ESTAR NAS ESCOLAS PÚBLICAS EM 2011. Divulgação das informações referentes aos caminhos trilhados pelo livro, sugestões metodológicas para o trabalho com a educação formal e não formal e agenda de contação das histórias contidas neste livro. Omo-Oba: Histórias de Princesas. Mazza Edições, 2009. Ilustrações de Josias Marinho.
sábado, 8 de maio de 2010
REFLEXÕES SOBRE A CONTAÇÃO NO LAR SÃO JOSÉ
Impressionante este privilégio de poder circular por diversos lugares contando histórias do meu livro. Mas a cada vivência uma história que só reflete o quanto ainda precisamos, brancos e negros, trabalhar em prol da descolonização de nossas mentes e de uma educação anti-racista. Após a contação do mito "Ajê Xalugá e seu brilho intenso", fui para a roda de conversas com 23 crianças (9 adolescentes) que lá estavam. Pedi para citarem nomes de princesas conhecidas, eles citaram. Depois, solicitei para que me apontassem o que as princesas que eles citaram tinham em comum, e eles responderam "são todas brancas". Falei da existência de princesas negras e do quanto crianças duvidam até hoje disto. Uma criança levantou a mão pedindo a fala e disse: "Kiusam, tem essa coisa de ficarem chamando a gente de macaco, essas coisas assim". Eu disse: "Sim, esse apelidos..." e ele nem me deixou continuar, dizendo "não são apelidos, são xingamentos". Uma jovem imediatamente disse "a gente vive sofrendo bulling" ao que outra disse "isso é preconceito", e outra respondeu "isso é RACISMO". Em seguida, um garotinho disse com todas as letras "Aqui, os adultos xingam a gente de macaco, lixo, favelado, preto fedido" e eu como não poderia deixar de lado tal informação despejei: "Racismo é crime, passível de cadeia. Vocês são menores de idade e para concretizar o boletim de ocorrência, deverão comparecer a uma delegacia com um adulto e de preferência, com testemunhas". Pelo brilho no olhar dos jovens, dei-lhes uma informação preciosa e saberão muito bem fazer uso dela. É triste termos que lidar, em pleno século XXI, com crianças e jovens precisando receber este tipo de informação a fim de poderem preservar a altivez e a nobreza já não mais tão presente naqueles corpos negros.
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